Diz um político experiente no cenário local que "um vice dificilmente agrega votos, mas, certamente, pode tirar vários". A frase revela as relações historicamente delicadas entre o número um e dois de uma chapa majoritária, seja em âmbito municipal, estadual ou nacional.
O alinhamento ou a falta de entrosamento entre a dupla seja em uma campanha eleitoral ou na condução de um eventual mandato pode, respectivamente, inviabilizar os rumos de uma campanha ou engessar uma administração.
O "Diário" conversou com os sete nomes que se colocam como pré-candidatos à prefeitura de Santa Maria no pleito de outubro. Os prefeituráveis foram questionados se já tinham definido o vice ou qual o perfil que procuravam para compor a futura chapa.
A verdade é que as tratativas em busca de fechar as alianças seguem a todo vapor. Pré-candidatos e presidentes partidários dizem que o momento é de se buscar alternativas que agreguem e os perfis são os mais variados (leia abaixo). Até o momento, apenas o PDT já apresenta um para candidato a vice-prefeito: o empresário e presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Ewerton Falk.
Harmonia e tensão
Quase sempre durante a campanha eleitoral, o alinhamento entre prefeiturável e vice beira às mil maravilhas. Na busca pelo voto, no corpo a corpo durante o pleito, a dobradinha está alinhada para garantir a vitória nas urnas.
Contudo, após o resultado da eleição, é preciso conciliar interesses, vaidades e pretensões próprias. Em Santa Maria, já houve, em gestões passadas, casos pontuais de brigas entre o mandatário e o seu vice.
Na região, o exemplo mais recente de falta de entendimento ocorreu em Rosário do Sul. O prefeito Luis Henrique Antonello (PMDB), que foi cassado pelo Legislativo, chegou a mandar a sua vice Zilase Rossignolo (PTB), que hoje é prefeita, para a sala que abrigava o antigo presídio.
Na política gaúcha, o ponto de maior ebulição foi entre a então governadora Yeda Crusius (PSDB) e o seu vice Paulo Feijó (DEM), que protagonizaram vários embates. No país, estão para lá de estremecidas as relações entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o seu vice, o peemedebista Michel Temer, uma cisão que tem como pano de fundo a bandeira do impeachment de Dilma ou do "golpe", dependendo do ponto de vista.
Articulações sobre os vices
Os pré-candidatos e os presidentes partidários mantêm reserva e procuram dosar suas palavras ao dizer que "as conversas estão acontecendo". Nesse período de costura e de arranjo, os movimentos precisam ser bem pensados para não colocar em risco uma futura parceria.
Paulo Moura, que é cientista político e consultor de comunicação e marketing político de campanhas eleitorais e professor da Ulbra, cita que durante a disputa eleitoral, o nº 2 pode "complementar a imagem" do titular. Cabe a ele, inclusive, possibilitar o ingresso da candidatura em novos nichos e, assim, ampliar o leque eleitoral.
Contudo, o papel e o tamanho que o vice terá dependem do que for acordado durante o período do pleito e conforme o entendimento do titular do mandato:
Juridicamente a única função do vice é substituir o titular em sua ausência ou em caso de impeachment. O vice pode ser silencioso, discreto ou um problema. A verdade é que a campanha política é um bom termômetro de como serão as relações entre os dois. Se nela (campanha), houver um ambiente conflitante, é possível que a gestão tenha picos de tumulto.
Moura avalia que, no jogo político, prevalece a prática dos conchavos para vencer a eleição:
O único programa de governo que une todos é um só: estar no governo. Aí, surgem as negociatas, algumas ilegais, outras imorais. O que se vê em Brasília não é diferente do que ocorre nos municípios brasileiros.
Confira, abaixo, o que revelaram os pré-candidatos sobre os perfis que "